quinta-feira, 5 de junho de 2008

Hoje estou melhor que ontem! Amanhã vou estar melhor que hoje!

Esta foi a frase que escolhi para me fazer companhia nos últimos tempos. Ela não foi construída ao acaso. Escolhi algo que não fosse dito automaticamente mas que me obrigasse a pensar a cada frase evocada, pensada ou dita expressamente. Ela é o símbolo da minha atitude perante a doença.
Sei que não estou a lidar com caranguejos coxos, cegos de um olho ou distraídos e que é preciso um grande empenho para lutar contra eles. Mas como em qualquer luta de vida ou de morte, há que encontrar todas as armas possíveis e imaginárias para derrotar os inimigos.
Ao longo de toda a minha vida profissional lembro-me de ter apenas por uma vez faltado às aulas por doença. Dessa vez estava numa situação inversa à que me encontro agora: o meu intestino teimava em trabalhar a cada 15 minutos. De todas as outras vezes em que adoecia teimava em ir trabalhar. Nunca encarei a doença como um argumento para não realizar as tarefas a que me comprometi, ou que me dão prazer. Talvez por isso não era fácil aceitar a doença como algo incapacitante, o que me alterava sem dúvida o humor. Agora nesta luta, contra os nossos inimigos patudos e peludos, tento fazer exactamente o mesmo. Sei que o meu empenho e a minha capacidade de trabalho está diminuída, mas mesmo assim forço-me a não abandonar as tarefas principais em que estava envolvido antes da declaração oficial de guerra.
Em situações extremas, quer elas tenham a ver com estas guerras ou em competições desportivas, os processos de auto convencimento são determinantes do sucesso. Um dos trabalhos que frequentemente cito em cursos de graduação ou pós-graduação, refere a maior concretização no putt do golfe quando o atleta está convencido que vai concretizar. Vários estudos indicam coisas semelhantes em actividades desportivas muito diferentes.
No decorrer das minhas actividades de treinador de corfebol em que estive envolvido nas duas épocas anteriores a esta, uma das minhas preocupações fundamentais prendeu-se com a mobilização dos recursos psicológicos com vista ao sucesso. Solicitei aos atletas que encontrassem as frases chave capazes de mobilizar as suas energias com vista ao sucesso: “Vai correr bem”, “Vamos ganhar”, “Vamos dar a volta ao resultado” ou qualquer outra que se ajustasse à situação e ao atleta. Esta estratégia tem demonstrado resultados em várias situações de alta competição. Em qualquer situação há sempre possibilidade de encontrarmos aspectos positivos. Lembro-me de termos perdido 3 jogos seguidos nos Play-offs e eu ter começado a conversa com os jogadores com o que tínhamos ganho com estas derrotas e o que poderíamos ganhar a seguir. Lembro-me também de alguns comentários: “Só tu para encontrares coisas positivas após termos perdido 3 jogos determinantes!”




As nossas capacidades são maiores do que o que conhecemos delas, e a mobilização das nossas energias positivas internas tem-se demonstrado útil para ultrapassar situações limite como é o caso da alta competição.
Estou imerso numa alta competição contra os caranguejos e, além da química (que amanhã tem mais um episódio), uso todos os recursos do meu corpo e da minha mente para os derrotar.
Hoje estou melhor que ontem! Amanhã vou estar melhor que hoje!

6 comentários:

Guida disse...

Admiro a tua coragem e vontade de lutar (qual guerreiro de um exército vencedor), mas sobretudo, a fé.
O livro mais lido num mundo, da autoria do Criador, diz que a FÉ É CONVICÇÃO DE FACTOS QUE NÃO SE VÊEM, E A RECOMPENSA DESTA FÉ É VER AQUILO QUE ACREDITAMOS.
A fé cresce à medida que lemos e ouvimos a palavra de Deus - a Bíblia, que nos conta histórias reais de verdadeiros vencedores. Na galeria dos homens da fé aparece
Moisés que atravessou o Mar Vermelho como se fosse terra seca. E quando os egípcios (=caranguejos) tentaram fazer o mesmo, morreram afogados.
Continuo a torcer por ti para que esse teu mar se abra e os caranguejos sequem (amanhã vão levar mais uma dose!!!).
Força e ânimo.
Bjs, Guida

Dayanna disse...

E no outro dia próximo estarás curado! tenho muiiiitaaa fé nisso...

"A fé move montanhas" e essa montanha movida vai esmagar estes caranguejos....

Sou prova viva que não tens abandonado tuas tarefas... És um exemplo. Exemplo de guerreiro que vai conseguir vencer esta guerra...
Obrigada por estar me acompanhando, mesmo perante esta turbulência que há de passar em tua vida.

MUITO OBRIGADA!

Que a dose de amanhã deixe estes caranguejos parvos de carapaça para baixo e que sejam imobilizados...

Força!

beijos,
Dayanna Ximenes

david disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
david disse...

“A vida é uma metáfora”, diziam-lhe alguns. “Andam a ler muito Barthes. Digam isso aos lutadores de Westling - pain, sweet and money, nothing else”, pensava ele. Pegou no seu olho mágico e saiu. “Deixa cá ver se guardamos muitas metáforas hoje”, anunciou para ninguém. Imaginar-se um guardador fazia-o sentir-se bem. Não sabia explicar por que precisava fazê-lo. Simplesmente, recheava-lhe as entranhas, por instantes sentia-se a pairar, e o seu corpo ficava num frenesim (por instantes). “A eternidade é uma metáfora do infinito”, diziam-lhe aqueles alguns. “Ora, Guerra das Estrelas, que coisa mais estafada” arguía. “Quando peço ao meu olho mágico para piscar, ele agarra(-se) (a)o instante, no presente. Mas transforma o instante presente num momento eterno. Isso é que é a eternidade, o presente que fica. Os meus presentes nunca desaparecem, simplesmente transformam-se”.
E lá vai ele, deambulando pelo mundo para captar a transformação no fragmento do presente. Ele e o seu olho mágico, que também é ele. “O olho mágico faz parte de mim. Ao princípio não, mas agora sim. Falamos um com o outro para decidir como agir. Vejo mais nítido através dele. Ele complementa-me nas minhas mnemónicas névoas, nas minhas fragilidades emotivas, nas minhas limitações físicas, devolve-me o espaço, anula-me a irreversibilidade do tempo, permite-me que a minha impressão perdure… eternamente.”

Mário,
Um meteório abraço

Baptista disse...

Grande abraço de força para a tua cruzada Mário!

A tua maneira de ser, determinada e positiva, será a tua maior arma contra esta doença estúpida e sem sentido...

Estou contigo para o que precisares e como sabes vivo uma situação parecida com o meu pai, e ele tem sido a prova viva de que é possível destruir este inimigo traiçoeiro mas não imbatível!

Tenho a certeza que vais conseguir!
Grande Abraço Mário

Luís Baptista

Filipa disse...

Caro professor:
Fiz um trabalho no segundo ano onde alguem dizia que quando a vida nos dá um limão temos de o espremer até sair limonada!!
Temos um problema então.... tem de fazer muita muita limonada...
quero voltar a ve-lo a acordar portugal ás oito da manhã nas manhãs frias de quinta feira em amena cavaqueira no anfiteatro dois!!! entao vamos la a isso!!! muita muita força
filipa saramago e todo o pessoal do terceiro ano de reabilitação os especiais também estão consigo!!!